Justiça determina que Sabesp pare de jogar esgoto sem tratamento em rio que abastece Araçoiaba da Serra

Justiça determina que Sabesp pare de jogar esgoto sem tratamento em rio que abastece Araçoiaba da Serra

Segundo o Ministério Público do Estado, situação ocorre há anos na cidade de Salto de Pirapora (SP). Decisão é provisória e, por isso, cabe recurso. Justiça determina que Sabesp pare de despejar esgoto sem tratamento em rio que abastece Araçoiaba da Serra
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A Justiça determinou que a Sabesp deixe de jogar esgoto sem tratamento no Rio Pirapora, com captação para consumo pela cidade de Araçoiaba da Serra (SP). A decisão é provisória e, por isso, cabe recurso.
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O problema ambiental, segundo a ação movida pelo Ministério Público, ocorre há anos no município de Salto de Pirapora (SP), que possui a estação de tratamento do rio. A Sabesp alegou não ter conhecimento da ação judicial.
Na decisão de segunda-feira (24), o magistrado João Victor Vardasca Milan determinou que a Sabesp cesse imediatamente o despejo de esgoto bruto no Rio Pirapora, sob pena de multa diária de R$ 10 mil por dia.
O juiz determinou ainda que a empresa apresente, todo dia 28, a partir de março de 2025, uma análise da qualidade da água, sob pena de multa de R$ 5 mil por dia em caso de descumprimento.
A Sabesp também tem 60 dias para providenciar o despejo ambientalmente adequado do esgoto tratado no Rio Pirapora, atendendo aos parâmetros legais. Nesse caso, se houver descumprimento, a multa é de R$ 10 mil por dia.
Além disso, a empresa tem 60 dias para apresentar um plano de atuação detalhado apontando os equipamentos e procedimentos necessários ao restabelecimento do padrão de qualidade do produto do tratamento do esgoto despejado no Rio Pirapora. A multa, em caso de descumprimento, é de R$ 3 mil por dia.
Investigação do MP
Justiça determina que Sabesp pare de despejar esgoto sem tratamento em rio que abastece Araçoiaba da Serra
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Conforme o MP, a degradação ao meio ambiente em função das ações não acontece por acaso e é omissiva, o que resulta no despejo irregular de esgoto doméstico no Rio Pirapora por conta do inadequado funcionamento de Estações Elevatórias de Esgoto (EEE) e de Tratamento de Esgoto (ETE) operadas pela empresa no município.
“Tais condutas reiteradas resultaram em gravíssimos problemas, tanto de lesão ao meio ambiente quanto de saúde pública, verificados durante a tramitação do inquérito civil nesta Promotoria de Justiça”, justifica o MP, na ação assinada pelo promotor Marcelo Cassola.
O documento diz ainda que a responsável pela distribuição de água em Araçoiaba da Serra constatou o aumento de matéria orgânica em depósito no curso d’água, decorrente da proliferação de algas e bactérias no leito do Rio Pirapora. As constatações foram feitas a partir de inspeções do local e análises laboratoriais da qualidade da água.
No decorrer da investigação do MP, foi verificado que tanto a responsável pelo captação de água em Araçoiaba da Serra quanto a Prefeitura de Salto de Pirapora notificaram a Sabesp dos problemas.
A ação do MP ainda lembra que a Sabesp chegou a ser multada pela Cetesb, em outubro de 2020. Houve fiscalizações anuais entre 2020 e 2024. A Sabesp, em respostas às instituições, chegou a afirmar que os problemas eram esporádicos.
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Em maio de 2024, conforme a ação, foi verificada na captação de água bruta do Rio Pirapora a presença de grande quantidade de espuma. Nas análises laboratoriais foram identificadas altas concentrações de amônia e de Escherichia coli – bactéria do trato gastrointestinal.
Na estação elevatória de esgoto do bairro Cachoeirinha, havia despejo diretamente para o corpo do rio. A Sabesp foi autuada novamente.
Em julho de 2024, houve a constatação de novos problemas: “Ocorre que, no dia 31 de julho de 2024, a Cetesb mais uma vez realizou inspeção no local. Desta vez, o órgão reportava a denúncia de contaminação parasitológica das águas do Rio Pirapora, que causariam gravíssimos problemas ao meio ambiente e saúde pública nas cidades de Araçoiaba da Serra e Salto de Pirapora”. A fiscalização apontou alta concentração de contaminantes.
De acordo com o MP, no decorrer do inquérito houve a convocação de reuniões, mas a Sabesp não compareceu aos encontros. Em janeiro de 2025, ela se manifestou no procedimento, dizendo que monitora a área e contribui para equacionar a questão, mas não se posicionou “quanto à resolução definitiva da questão e evidenciando que não há interesse em colaborar com os órgãos de fiscalização para melhoria do serviço público deficiente que tem desenvolvido”.
O MP também pede à Justiça que determine no final da ação que a Sabesp pague indenização de R$ 5 milhões por danos coletivos.
O que diz a Sabesp
A Sabesp informou, na quinta-feira (27), que possui uma Estação de Tratamento de Esgoto no município, a qual trata todo o esgoto coletado, e alegou ainda não ter conhecimento da ação judicial.
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