Quem é a defensora pública que morreu por infecção generalizada após tentativa de colocar DIU em Roraima


Família de Geana Aline de Souza, de 39 anos, informou que tentativa de inserção do DIU ocorreu em uma clínica particular há uma semana. Nesta terça, ela deu entrada num hospital da rede privada em estado gravíssimo de saúde e não resistiu. Defensora pública Geana Oliveira morre em Boa Vista
Reprodução/Instagram
Defensora pública, ex-servidora do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) e presidente da associação de defensores do estado. Geana Aline de Souza, de 39 anos, era titular da vara de execução penal da Defensoria Pública de Roraima (DPE-RR) e morreu na noite da última terça-feira (25), em Boa Vista por infecção generalizada uma semana após ela tentar colocar um DIU.
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Natural de Belém, capital do Pará, Geana deixou um marido, o empresário Cláudio Rodrigues, de 40 anos, com quem era casada há 8 anos. A defensora não deixou filhos, mas cuidava “com amor” dos dois enteados, filhos de Cláudio. “Meus filhos quando conheceram ela eram pequenos e ela me ajudou muito”, disse o empresário.
Ela atuava como defensora desde 2017, onde se destacava no judiciário roraimense. Nos primeiros 5 anos, foi titular da comarca de São Luiz, município ao Sul de Roraima. Desde 2022, trabalhava na garantia de direitos fundamentais para condenados cumprindo pena.
Ela era formada em direito pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), onde ingressou no ano de 2008 e se formou em 2013. Em seguida, trabalhou como servidora do Tribunal de Justiça de Roraima (TJ-RR), onde ficou até ser convocada para DPE.
Além do trabalho na defensoria, Geana era presidente da Associação das Defensoras e Defensores Públicos de Roraima (ADPER).
“Ela trabalhava com dedicação e muito amor. […] Sempre recebia as pessoas com muito carinho, uma atenção única para resolver os problemas das pessoas. Ela deixa muitas pessoas que a amam”, declarou, emocionado, o marido de Geana durante o velório.
A morte de Geana também foi lamentada pela DPE-RR. O órgão destacou o comprometimento da defensora com com a justiça e a defesa dos direitos dos mais vulneráveis.
“Roraima perde uma defensora incansável. Seu legado e exemplo permanecerão vivos em nossa memória”, lamentou, por meio de nota, a DPE-RR.
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Geana passou pelo procedimento de tentativa de inserir o DIU no dia 18 de março com a médica Mayra Suzanne Garcia Valladão. Depois, sentiu febre e teve dores em casa. Nesta terça, deu entrada no hospital privado Ville Roy, onde o quadro se agravou e ela não resistiu.
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A defensora teve uma infecção grave no colo do útero, informou a família ao g1. Essa infecção se espalhou pelo corpo e evoluiu para uma infecção generalizada, que levou à falência de órgãos, como os rins e o fígado.
O Ministério Público de Roraima (MPRR) abriu um procedimento para apurar a morte da defensora pública. O Conselho Regional de Medicina (CRM-RR) também vai abrir sindicância para apurar o caso.
Em nota, o hospital Ville Roy divulgou que ela deu entrada no pronto-socorro às 15h25, já em “gravíssimo estado de saúde”. Segundo a unidade, ela estava em “choque séptico, em gravíssimo estado de saúde, secundário a abdômen agudo perfurativo de foco ginecológico”. Ela morreu às 22h50.
Além disso, apresentava “insuficiência renal, insuficiência hepática, insuficiência circulatória e dor abdominal intensa”. Geana foi “rapidamente submetida à cirurgia de emergência com posterior internação na Unidade de Terapia Intensiva. Evoluiu com rápida deterioração clínica, indo a óbito posteriormente”.
A médica Mayra Garcia, que tentou colocar o DIU, divulgou uma nota em que classificou o ocorrido como uma “fatalidade”. Disse ainda que a morte não tem relação com os atendimentos médicos realizados pela profissional, pois “prestou toda a assistência necessária, conforme será devidamente comprovado no momento oportuno”.
‘Luz para a família’
Velório da defensora pública Geana Aline de Souza, de 39 anos, nesta quarta-feira (26)
Caíque Rodrigues/g1 RR
A cunhada de Geana e irmã de Cláudio, Luiza Barros, de 37 anos, destacou o “coração bondoso” da defensora e a definiu como “luz para a família”.
“Ela era uma pessoa excepcional, maravilhosa, com um coração bondoso, educada, elegante, uma cunhada sem defeitos. Sempre buscava a união familiar, era uma luz para a família. Diante de qualquer problema ou situação, estava sempre disposta a ajudar, a oferecer uma palavra de carinho. Ela não merecia tudo isso que aconteceu”.
“É inimaginável aceitar essa realidade. Não encontro palavras para expressar o que sinto agora, mas eu a amo e continuarei amando por toda a minha vida. Ela leva cada um de nós com ela. Sei que, algum dia, todos nós iremos nos reencontrar”, declarou, emocionada, a cunhada ao g1.
O TJ-RR também lamentou a morte de Geana, destacando o trabalho exercido enquanto era servidora e a parceria enquanto defensora pública.
“Manifestamos nossos sinceros sentimentos a todos os familiares e amigos, rogando a Deus pelo conforto neste momento tão difícil”, publicou o tribunal em nota.
A UFRR, onde Geana era egressa, também prestou solidariedade ao familiares. “A UFRR manifesta irrestrita solidariedade aos familiares e amigos de Geana Aline de Souza Oliveira”.
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